Anais EnAJUS 2023

ISSN 2674-8401

Os Fatores Intrínsecos como Motivadores das Equipes no Poder Judiciário

Autoria: José Luis Luvizetto Terra, Luiza Vieira Sá de Figueiredo

Informações

Sessão 20 - 25/10/2023, 08:00
Mediação: Tomas de Aquino Guimaraes (Universidade de Brasília)

Resumo

Os fatores intrínsecos como motivadores das equipes no Poder Judiciário  Parte-se do pressuposto de que as organizações sociais evoluem.  A evolução das organizações sociais ocorre através de uma linha espiral evolutiva em 45 graus, que permite identificar uma evolução constante (em relação ao eixo central imaginário da espiral), mas com momentos de quedas que ficarão sempre acima da queda anterior e que permitirá a aceleração para o próximo grande salto da humanidade, representando, assim, os aparentes retrocessos da evolução humana coletiva. Explica-se, assim, o aparente retrocesso evolutivo das coletividades, quando o que ocorre realmente é um processo evolutivo constante e esperado. Frederic Laloux identificou os estágios de desenvolvimento das organizações sociais ao longo da história da humanidade, atribuindo a cada estágio um nome e uma cor, bem como destacando as suas principais características. Para o autor, na fase evolutiva atual humana, de cor Teal (ou Verde-Azulada), a humanidade aprende a perder a identificação com o próprio ego (tornando-se menos egóico), o medo dá lugar à confiança na abundância da vida, uma vida bem vivida surge como norte e a consequência para isso pode ser reconhecimento, sucesso ou riqueza e os critérios internos dos indivíduos são considerados para a decisão ?(LALOUX, 2017, p. 69)?. O alinhamento do que os integrantes das equipes fazem com o que eles sentem e são chamados a se tornar é o grande ponto de destaque das Organizações Teal. Não se trata, apenas, de pertencimento ao grupo e de harmonia com o grupo. É muito maior. Trata-se de as equipes verem sentido existencial no que fazem. Como gerir equipes quando o ideal de cada integrante da equipe é encontrar sentido no que fazem?  Busca-se uma resposta na teoria de Daniel Pink acerca da motivação humana. O autor compara a escala de evolução das organizações sociais com os sistemas operacionais dos computadores. As sociedades, segundo Pink, também têm sistemas operacionais que criam uma “camada de instruções, protocolos e suposições sobre como o mundo funciona. E grande parte do nosso sistema operacional social consiste em um conjunto de suposições sobre o comportamento humano” ?(PINK, 2019, p. 23)?. Pink destacou as etapas de motivação ao longo da história da humanidade, apontando para cada etapa um nome que remete ao melhoramento de um programa de software (que se sobrepõem ao sistema anterior, agregando funcionalidades ou qualidades), bem como destacando as suas principais características. O autor denomina o momento atual de “Motivação 3.0”, no qual o impulso de sobrevivência humana permanece, busca-se recompensa e evita-se punição em situações específicas (motivação extrínseca, ou seja, força que surge exteriormente à pessoa), bem como se objetiva sentido no que é feito (motivação intrínseca, ou seja, força que surge do interior da pessoa) ?(PINK, 2019, p. 85)?. Acrescenta que no momento presente, para além da sobrevivência, o ser humano busca sentido no que faz, ou seja, busca satisfação inerente à realização de uma atividade, maximizando-se o propósito. Para Pink ?(2019, p. 145)? a maximização do propósito é a principal característica do sistema de Motivação 3.0, pois agrega a análise da motivação intrínseca (satisfação inerente de uma atividade) dos integrantes das equipes. Constata-se que a Motivação 3.0 é uma sobreposição (ou melhoramento) do sistema anterior (Motivação 2.0) em razão do upgrade de software gerado com o acréscimo da análise da motivação intrínseca e do propósito, na medida em que leva em consideração tanto as motivações intrínsecas como as extrínsecas quando da gestão de pessoas, maximizando o propósito. Portanto, a principal diferença entre o sistema atual e o antecessor reside no fato de que a Motivação 3.0 está centrada tanto nas motivações extrínsecas como intrínsecas, ao passo que a Motivação 2.0 está focada unicamente nas motivações extrínsecas. Ainda na tentativa de responder à pergunta, oportunos os ensinamentos de Frederick Herzberg quando do estudo da motivação humana e dos fatores a ela relacionados. Herzberg ?(2018, p. 187)? igualmente difere motivadores extrínsecos (força exterior) dos motivadores intrínsecos (força interior), como por exemplo, “um trabalho interessante e desafiador e a oportunidade de obter mais responsabilidade e de crescer com ela”. Salienta, ainda, que o segredo para motivar os integrantes da equipe é “capacitá-los para ativar os próprios geradores internos”. Trazendo essas reflexões para o Poder Judiciário e como ele se estrutura e organiza, é necessário conferir um novo olhar sistêmico sobre as equipes e suas complexidades. O Líder e o Gestor da unidade poderão atuar com equipes no formato Motivação 2.0, fomentando apenas motivadores extrínsecos (prêmios ou punições), a fim de atingir resultados. O desafio, contudo, ocorre quando buscam atuar com equipes no formato Motivação 3.0, criando fatores de crescimento que incentivem motivadores intrínsecos que geram satisfação e agindo de maneira a proporcionar fatores de higiene evitando motivadores extrínsecos que geram insatisfação. Pode-se citar como exemplo da utilização da Motivação 2.0 a ação ocorrida no Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) através da premiação de 02 salários anuais aos servidores das unidades judiciárias de maior destaque produtivo ?(FIGUEIREDO; OLIVEIRA, 2022, p. 24)?. Por outro lado, pode-se apontar como exemplo da utilização da Motivação 3.0 a ação ocorrida na 4ª Vara Federal da Subseção de Passo Fundo do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) quando da fixação de metas construída com a equipe e com identificação de ações sugeridas pelos integrantes dos diversos setores da unidade. O presente artigo é uma revisão bibliográfica e exploratória que objetiva discutir e analisar estratégias de motivação na gestão de equipes, especificamente no âmbito do Poder Judiciário. Abordar-se-á que a gestão de equipes passa pela necessidade de fomento dos motivadores extrínsecos e intrínsecos, bem como pelo cultivo diário de fatores higiênicos que diminuam fatores de insatisfação, a fim de permitir a maximização do propósito dos integrantes das equipes.  No presente trabalho, pretende-se, ademais, buscar por ações práticas que podem ser tomadas com as respectivas equipes, a fim de fomentar a motivação intrínseca dos seus integrantes com o objetivo de aumentar a criatividade e a inspiração, com potenciais resultados positivos para a organização.  Referências Bibliográficas  ??FIGUEIREDO, L. V. S. de, & OLIVEIRA, L. S. de P. (2022). V Encontro virtual do CONPEDI Acesso à Justiça: política judiciária, gestão e administração da Justiça II. http://site.conpedi.org.br/publicacoes/465g8u3r/ej2w4ic2/8V6trM5cOZj84yJ6.pdf ?

Palavras-chave

Gestão, motivação, equipes, pessoas.
PDF Todos os trabalhos desta edição