Anais EnAJUS 2021

ISSN 2674-8401

Ivermectina e cloroquina: as trajetórias sócio-simbólicas e narrativas, os embates institucionais e o espaço de aceitação social

Autoria: Luciana Godri, Carolina Wunsch Marcelino

Informações

Sessão Presencial 01 - 25/10/2021, Das 12h10 às 14h00 (Horário de Brasília) Das 16h10 às 18h00 (Horário de Portugal)
Mediação: Pedro Miguel Alves Correia (Centro de Administração e Políticas Públicas, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa)

Resumo

Por que medicamentos sem eficácia comprovada contra a COVID-19 tomaram posição central na política e na sociedade brasileira durante a pandemia? Nesse artigo, abordamos um caminho analítico, baseado em sensemaking e na construção de narrativas para explicar as trajetórias percorridas pela ivermectina, antiparasitário conhecido como uma das wonder drugs, e pela cloroquina, antivirótico de combate à malária. Ambas partem do mesmo gatilho, a prática farmacológica de reposicionamento de medicamentos, seguem caminhos distintos e reencontram-se em uma virada final de suas narrativas, em que são postas lado a lado no chamado kit covid. Nesse intervalo de tempo, a cloroquina enfrenta momentos de forte oscilação, os quais nominamos eras, entre elas o ponto de inflexão para artefato ideológico e político, em virtude da digressão de suas principais vozes para um tom menos plural. Já a ivermectina, ao longo do ano de 2020, beneficia-se de tom mais neutro da comunidade médico- científica e experimenta crescimento contundente nos balcões de farmácias, na casa de 557% contra 110% do antivirótico. Ao estabelecer pontos convergentes e dissonantes entre as narrativas, é possível discutir os processos de bricolagem ocorridos no meio social, em que os atores sociais significam e ressignificam o uso desses medicamentos ao passo que se socorrem de recursos narrativos para contar e recontar essa história. À medida que se tornam cada vez mais sutis as fronteiras entre realidade e ficção, fazeres e dizeres, passado e presente, torna-se mais abrangente a legitimidade de práticas menos rígidas, que são entendidas como não conflitivas com lógicas institucionais.

Palavras-chave

sócio-simbólico; narrativas; sensemaking; legitimidade; reposicionamento de medicamentos
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