Anais EnAJUS 2024
ISSN 2674-8401
Turnover e Qualidade de Vida: um estudo na Justiça Federal em Alagoas
Autoria: Jéssica Alves Carvalho Feijó, Rafael Rodrigues da Silva
Informações
Sessão 08 - 26/11/2024, 14:00
Mediação: Samir Adamoglu de Oliveira (Universidade Federal da Paraíba)
Resumo
1 IntroduçãoA formação e manutenção de quadros funcionais é um desafio para as lideranças de gestão de pessoal, e envolve desde o mapeamento de necessidades e competências, a implantação e análise de indicadores de desempenho, dentro os quais o índice de rotatividade de pessoal ou turnover merece atenção especial, pois relaciona admissões e desligamentos da organização em dado período, e tem influência direta na eficiência das organizações, pois significa retenção de talentos e entrega de produtos e serviços com excelência. Entre os aspectos internos que implicam permanência ou pedidos de desligamento dos colaboradores estão aqueles relacionados à qualidade de vida no trabalho.No âmbito do Judiciário Brasileiro a rotatividade de pessoal ocorre de forma regular. O objetivo deste trabalho é analisar a relação entre turnover e qualidade de vida na Justiça Federal em Alagoas (JFAL), projetando que o foco macro de gestão de pessoas deve ser a eficácia organizacional por meio das pessoas e da realização dos objetivos pessoais e organizacionais. 2 Qualidade de Vida e Turnover na Justiça FederalA análise da rotatividade de pessoal ou turnover no âmbito da Justiça Federal (JF) deve levar em consideração as peculiaridades inerentes à sua forma de contratação, desligamento e de distribuição da força de trabalho nacionalmente. Aspectos como o clima organizacional e políticas de qualidade de vida podem ser determinantes na manutenção de seus quadros.Considerando o contexto da Justiça Federal, os dados recentes obtidos do censo do Poder Judiciário, foi possível verificar fatores que podem ensejar o turnover: assédio ou discriminação; relação desproporcional entre volume e jornada de trabalho; processos de trabalho defasados; insatisfação com a remuneração; incompatibilidade de tempo para reservar ao trabalho e ao cuidado bem-estar físico e mental; e adoção de metas de produtividade. A qualidade de vida como ferramenta de gestão deve ser analisada em conjunto com a taxa de rotatividade de pessoal e outros indicadores de gestão de pessoas. Entende-se por Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) o grau de satisfação que um colaborador tem com as condições de trabalho oferecidas pela empresa, bem como com o seu próprio desempenho e desenvolvimento profissional.Logo, o não atendimento as expectativas do empregado aliado aos atrativos externos à instituição empregadora podem culminar na saída do trabalhador, com a necessidade de reposição, o chamado turnover, com todas as implicações já expostas. 3 Procedimentos e métodosO presente estudo se dedicou a realizar análise predominantemente qualitativa acerca de dados e instrumentos relacionados à JFAL. Prioritariamente, o relatório sobre aplicação dos instrumentos de avaliação, direcionamento e monitoramento de gestão de pessoas. Buscou-se relacioná-los a fim de aferir os motivos que atraem novos colaboradores, os que levam ao desligamento e aqueles relacionados a permanência dos servidores em atividade no órgão, identificando em que medida os aspectos da QVT influenciam positiva ou negativamente nestes aspectos. 4 Turnover e Qualidade de Vida na Justiça Federal em AlagoasA partir de 2021 restou estabelecido a aplicação de questionários de atratividade de carreira e de desligamento e mensuração do índice de rotatividade, principal documento analisado no presente estudo.Entre os motivos de escolha da JFAL, figuram benefícios (54,5%), bom ambiente de trabalho (54,5%) e boa remuneração (63,6%). Mais de 60% (2022/PJ) e mais de 80% (2023/SJAL), dos respondentes já atuavam na esfera pública. A carreira da JF foi avaliada como melhor que a “de órgãos dos outros poderes” e, que a “iniciativa privada” por 34,2% em 2022, alcançando os percentuais de 81,8% e 36,3% no ano 2023; quanto ao órgão ser indicado como melhor que “outros órgãos do Poder Judiciário”, os números são pouco expressivos, 23,5% e 36,3%, respectivamente. A expectativa sobre clima organizacional, estrutura física e remuneração variou entre “excelente” e “bom” em ambos os cenários.Em relação ao clima organizacional, a pesquisa nacional do Poder Judiciário teve como percentuais alcançados 61,3% de satisfação para Clima Organizacional e 65,7% para Qualidade de Vida no Trabalho. A investigação considerou os seguintes aspectos: autonomia, desempenho, desenvolvimento, inovação, liderança e reconhecimento. Sugestões de melhorias e/ou pontos importantes para o clima organizacional apresentadas: fomento ao diálogo e à comunicação; adoção do feedback; diálogo assertivo e boa comunicação entre gestores e servidores, com estímulo à participação na tomada de decisões entre as partes; liderança positiva, reconhecimento explícito e diálogo.Da análise dos números de turnover registrados nos últimos cinco anos na SJAL verifica-se que o principal motivo de desligamentos é o pedido de vacância para fins de ingresso em outros órgãos públicos, e, a remoção - movimentação que legalmente não caracteriza desligamento, figurou como o terceiro motivo de saídas, sendo que em segundo lugar está a aposentadoria.O clima organizacional no trabalho foi bem avaliado é possível visualizar pontos de relacionamento entre os motivos de desligamento e os pontos de melhoria indicados para QVT. O fator desvalorização do cargo ou área de atuação, um dos quatro elencados como principais causas de desligamento, pode ter menores impactos a partir de ações que implementem as sugestões dos respondentes. Colocações no quesito aberto da pesquisa de QVT sobre o que significa qualidade de vida no trabalho, trazem a relação direta à saúde física, mental e financeira. O relacionamento interpessoal, fator relacionado a qualidade de vida foi muito bem avaliadoDiante do exposto é possível inferir que a Justiça Federal em Alagoas apresenta percentuais satisfatórios de turnover e qualidade de vida, fatores diretamente relacionados e que tende a sofrer queda essencialmente por fatores externos, cabendo ações afirmativas e de otimização. 5. Considerações FinaisA presente pesquisa ampliou os estudos ao incluir nos registros de ingresso e desligamento as remoções e redistribuições de servidores, e ao relacionar temas diversos, porém, com implicações convergentes, tais como rotatividade e qualidade de vida. Levou a discussão do turnover ao detalhamento dos seus efeitos concernente a remoções internas, caracterizando cada endereço do órgão como um espaço sujeito a diferentes aspectos de cultura. Referências Conselho da Justiça Federal. Relatório de Aplicação dos Instrumentos de Avaliação, Direcionamento e Monitoramento de Gestão de Pessoas da Justiça Federal 2023. Brasília, DF: CJF, 2023.Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Justiça em Números 2023. 2024. URL: Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2024/02/justica-em-numeros-2023-16022024.pdf. Acesso em: 13/03/2024.Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 2º censo do Poder Judiciário 2023: relatório. Brasília: CNJ, 2024. 135 p. ISBN: 978-65-5972-122-1.
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